NOAM CHOMSKY *, em artigo publicado no
jornal Folha de S. Paulo, de 10/09/2000, p. A-3, sob o título "Por que o Fórum
Social Mundial?" faz uma abordagem histórica e filosófica sobre poder e justiça,
das relações de dominação entre Seres Humanos, e das possibilidades a desenvolver, a
partir do Fórum Social Mundial, in verbis:
"O Brasil se prepara para receber movimentos populares de todo o
mundo, que estarão em Porto Alegre (RS) no final de janeiro, por ocasião do primeiro
Fórum Social Mundial. O que representa um evento como esse, em plena virada do milênio?
(....)
Era de se esperar que essa segunda fase do período pós-guerra tenha
desencadeado protestos significativos e oposição pública de diversas formas em todo o
mundo. O Fórum Social Mundial proporciona uma oportunidade sem precedentes para a união
de forças populares dos mais diversos setores, nos países ricos e pobres, no sentido de
desenvolver alternativas construtivas em defesa da esmagadora maioria da população
mundial que sofre constantes agressões aos direitos humanos fundamentais. Esse é também
uma importante oportunidade para avançarmos no sentido de enfraquecer as concentrações
ilegítimas de poder e estender os domínios da justiça e da liberdade."
Pergunta: O que Você Cidadania tem com isso?
Resposta: Aparentemente nada, pois é um encontro de Seres Humanos que
só vai começar em janeiro da próxima volta terrestre solar, mas tem, e muito!;-) Como
bem salientado por CHOMSKY, as injustiças sociais no planeta Terra decorrem em grande
parte da ilegitimidade no exercício do poder, reforçando estruturas econômicas
desiguais no tempo e espaço humanamente habitados. Por sua vez, o Fórum Social Mundial
tem a missão (quase) impossível de refletir demandas hoje não satisfeitas por Você
Cidadania, decorrentes não apenas daqueles problemas históricos referidos, mas também
da própria modificação de valores sociais em função do avanço científico e
tecnológico e/ou da consciência planetária de civilização em amadurecimento de um
novo software aplicativo sobre aquele básico. Nesse contexto a Internet representa uma
poderosa ferramenta para aquele tipo de discussão, antes, durante e depois a realização
do Fórum Social Mundial, em conhecimento por rede multimídia.
Caso Você Cidadania não tenha notado qualquer alteração na sua vida
nas últimas voltas terrestres solares, a sugestão é começar a auto estranhar seu
tecido social, visitando a arte que é o seu viver, como por exemplo no MIS - Av. Europa,
158, Sampa, fone: 280-0896; fax: 881-4417, de terça a domingo das 14 às 22 hs - que
está completando trinta anos: 1970-2000, parabéns!:-) pois, como ensinam MARIA LÚCIA DE
ARRUDA ARANHA e MARIA HELENA PIRES MARTINS, o estranhamento é fundamental para criação,
in verbis:
"(....)
A função de ‘estranhamento’ é fundamental para o homem
desencadear as forças criativas, e se manifesta de múltiplas formas: quando paramos para
refletir na vida diária, quando o filósofo se admira com o que parece óbvio, quando o
artista lança um olhar novo sobre a sensibilidade já embaçada pelo costume, quando o
cientista descobre uma nova hipótese.
O ‘sair de si’ é remédio para o preconceito, o dogmatismo,
as convicções inabaláveis e portanto paralisantes. É a condição para que, ao
retornar de sua ‘viagem’, o homem se torne melhor." (in FILOSOFANDO
- INTRODUÇÃO À FILOSOFIA, 2ª ed. revista e atualizada, www.moderna.com.br - p. 007)
Estranha-mente,
Carlos Perin Filho
E.T.:
1º) Aqui valem as seguintes considerações lexicográficas de SIMON
BLACKBURN, in verbis:
Chomsky, Avram Noam (1928- ) Lingüista, filósofo e ativista
político norte-americano. Chomsky nasceu na Filadélfia, estudou em Pittsburgh com o
lingüista Zellig Harris e ensina no Massachussets Institute of Technology desde 1955. Seu
livro Syntatic Structures (1957) é geralmente considerado a contribuição mais
significativa para a lingüística teórica da segunda metade do século XX. Chomsky
acredita que a rapidez com que as crianças adquirem o domínio de sua língua materna
não pode ser explicada pelas teorias da aprendizagem, implicando antes o reconhecimento
de que existe uma disposição inata da mente, uma gramática não-aprendida, inata e
universal. Essa gramática fornece os tipos de regras que a criança reconhecerá como
subjacentes aos exemplos de produções lingüísticas com que é confrontada. Em
vocabulário de computação isso quer dizer que se a criança não viesse
‘equipada’ com o tipo adequado de suporte lógico ou * software, não
poderia apreender a gramática de uma língua tão bem como o faz. Cartesian
Linguistics (1966) explicita as implicações antiempiristas e racionalistas dessa
idéia. Críticos como * Ryle acusam o argumento de prestar muito pouca atenção à
importância da imitação e da prática no processo de aprendizagem, e de procurar
preencher o vazio apenas com ‘nuvens de glória biológica’. Além da
lingüística, Chomsky tornou-se conhecido por sua oposição à Guerra do Vietnã, tendo
sido na época, entre os acadêmicos, o principal crítico do governo dos Estados Unidos. Ver
também gramática gerativa; idéias inatas." (SIMON BLACKBURN in
DICIONÁRIO OXFORD DE FILOSOFIA, www.zahar.com.br
- 1997, consultoria de DANILO MARCONDES, p. 59)
2º) Para ilustração da amplitude das preocupações políticas,
lingüísticas e/ou filosóficas de CHOMSKY, por referências bibliográficas obtidas no
terminal de consultas da - www.fnac.com.br -
seguem as obras:
- A LUTA DE CLASSES; - A MINORIA PROSPERA E A MULTIDÃO INQUIETA; - A
PARTILHA DA JUGOSLAVIA; - ASPECTOS DA TEORIA DA SINTAXE = ASPECTS OF THE THEORY OF SYNTAX;
- BANHOS DE SANGUE; - CHOMSKY READER; - CHOMSKY TRILOGY; - DETERRING DEMOCRACY; - EL
CONOCIMIENTO DEL LENGUAJE; - ESTRUTURAS SINTÁTICAS; - LA EXPLICACION EN LAS CIENCIAS DE
LA COM.; - LANGUAGE & MIND; - LANGUAGE & PROBLEMS OF KNOWLEDGE; - LANGUAGE &
THOUGHT;- MEDIA CONTROL; - NECESSARY ILLUSIONS; - NOAM CHOMSKY - UM OLHAR SOBRE A AMÉRICA
LAT; - O CONHECIMENTO DA LÍNGUA; - O PROGRAMA MINIMALISTA; - OS CAMINHOS DO PODER; - POR
RAZONES DE ESTADO; - SEGREDOS, MENTIRAS E DEMOCRACIA; - SOUND PATTERN OF ENG.; - TEORIAS
DA LINGUAGEM TEORIAS DA APRENDIZ.
3º)
"PROCESSOS ALTERNATIVOS
Fotografia no MIS
Corpo Estranho
Até 12 de setembro
Térreo
‘Corpo Estranho’ é o ensaio fotográfico de oito artistas
que refletem em suas imagens um diálogo com as vertentes contemporâneas, expondo uma
visa transgressora da corporalidade fotográfica.
Fotógrafos:
Cristine de Bem e Canto
Fernando Pião
Karla Brunet
Lucy Figueiredo
Marcia Ortegosa
Rubens Brosso
Sérgio Monteiro
Vera Jursys."
(in SINOPSE MIS - MUSEU DA IMAGEM E DO SOM - PROGRAMAÇÃO
SETEMBRO 2000 - 30 ANOS)
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