MARCELO GLEISER, em artigo sob o título
‘Em defesa da ciência básica’, publicado no jornal Folha de S. Paulo de
19/11/2000, p. 27 do caderno mais! faz uma elegante defesa da chamada ciência básica,
frente à oposição dos(as) defensores da ciência aplicada, para ser usada no dia a dia
de Você Cidadania, com destaque para as seguintes idéias, in verbis:
"Volta e meia, em cartas de leitores desta coluna ou em palestras
abertas ao público, sou criticado por dedicar-me ao estudo de questões básicas da
ciência e não a problemas mais imediatos que afligem a humanidade, como a fome, as
doenças, a poluição, entre outros. (....)
(....)
Precisamos ter a generosidade de criar um mundo onde pintores,
astrofísicos, banqueiros, comerciantes e motoristas de táxi possam todos voltar a sua
atenção para os problemas que afligem a humanidade. Cada um de nós deve pensar
globalmente e atuar localmente, cientistas ou não."
A importância da ciência básica, também chamada ciência pura, é
cada vez maior em função da quantidade de informação científica que está sendo
produzida mais e mais pelas novas tecnologias já disponíveis, requerendo uma atividade
exploratória e panorâmica das possibilidades de manipulação. A relevância do
conhecimento científico básico é, por exemplo, reconhecida pela Universidade de São
Paulo - USP - ao oferecer o Curso de Ciências Moleculares como a mais nova opção de
graduação. Aprovado administrativamente pelo Ministério da Educação e Cultura em
16/06/1996, o curso tem a duração de quatro anos e por matérias básicas a Matemática,
Física, Química e Biologia e como instrumental a Computação(*).
A relevância da Física, em especial, também pode ser observada
na obra de EMICO OKUNO, IBERÊ L. CALDAS e CECIL CHOW, FÍSICA PARA CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS E BIOMÉDICAS (Harper & Row do Brasil, 1982), com
aplicações para Física que há poucas décadas eram puro deleite intelectual
(radiação, ultra-som, etc.) e hoje salvam vidas e/ou aumentam sua qualidade e/ou
quantidade.
Outra ‘amostra grátis’ daquelas explorações que parecem
ficção científica mas que são ciência pura é proporcionada por JEAN HEIDMANN, ao
tratar de questões científicas relacionadas à inteligência extraterrestre (EXTRATERRESTRIAL
INTELLIGENCE, Cambridge University Press, translated by Storm Dunlop, do
original em francês Intelligences Extra-terrestres). Pode
parecer algo distante da realidade de Você Cidadania falar com um Ser Extra-Terrestre (ou
ao contrário, muito próxima!;-), mas as hipóteses tratadas por JEAN HEIDMANN relativas
à comunicação, deste o envio de sinais até a decodificação de eventuais respostas
faz lembrar algo muito próximo do dia a dia de Você Cidadania... Sim! Faz lembrar a
distância que existe entre o discurso científico e a linguagem popular, que torna os(as)
Cientistas uma espécie ‘extra-terrestre’, que fala, fala, fala, e Ninguém
!:-(se!;-) entende...
Pergunta: Como pular aquele abismo entre o mundo científico - puro
e/ou aplicado - e o dia a dia de Você Cidadania?
Resposta: A coluna MICRO/MACRO de MARCELO GLEISER é um bom exemplo, bem
como o programa VER CIÊNCIA, da - www.tvcultura.com.br
- entre outras opções oferecidas pela Mídia de Massa que podem um dia fazer Você
Cidadania acreditar que existem doenças causadas pelas epidemias do tabagismo e do
alcoolismo e agir em defesa dos seus direitos, quer Você fume e/ou beba e/ou não, quer
Você seja um(a) Pintor(a), Astrofísico(a), Banqueiro(a), Comerciante e/ou Taxista e/ou
E.T.c., usando oportuna e adequadamente os protestos interruptivos de prescrição de
ações populares elaborados pelo Cidadão, que também é Advogado, que tenta pular
aquele abismo e que agora está em queeeee
* A UNIVERSIDADE E AS PROFISSÕES - EDIÇÃO ANO 2000 - PRÓ-REITORIA
DE CULTURA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA - FUVEST - www.fuvest.br
- p. 141