ROBERTO MANGABEIRA UNGER, em entrevista ao programa RODA VIVA da www.tvcultura.com.br oferece vários elementos para pensar a realidade de Você Cidadania no Brasil, a lembrar a obra República, de PLATÃO (objeto de Seminário sob orientação do Prof. ROBERTO BOLZANI, no curso de Filosofia da www.usp.br que Você Cidadania está pagando para este cidadão, que também é candidato à Filósofo), no seguinte diálogo, in verbis:

"(....)

Sócrates - A tais engenhos, pois, consumados pela educação e experiência - e a esses só - confiarás o governo de nossa república.

Adimanto - Ninguém poderia disputar a verdade do que dizes. Mas vê o que sucede, de ordinário, aos que contigo conversam. Imaginam que, por não serem versados na arte de perguntar e responder, em cada uma das questões cujas conseqüências não podem prever, se vão pouco a pouco desviando da razão; mas acumulados estes pequenos desvios, ao cabo da discussão vêm a cair em grave erro, contrário em tudo ao que haviam crido a princípio. E, à maneira dos que, não sabendo jogar o gamão, se vêem cercados e imobilizados pelos jogadores hábeis, assim os teus interlocutores acabam por se ver bloqueados e impossibilitados de saber que dizer nesta outra espécie de jogo, em que és exímio manejador, não de dados mas de palavras, sem que entretanto haja mais verdade nos teus discursos. Assim falo por aquilo mesmo que acabo de ouvir. Porque te poderia objetar que, se é, com efeito, impossível impugnar cada um dos teus raciocínios em particular, por outro lado se verifica que os que se dão à filosofia, não só na mocidade e com o intuito de abandoná-la quando lhe hajam assimilado as primeiras noções, mas durante a vida inteira até encanecer-se em seu estudo, esses tais são, em grande maioria, uns tipos extravagantes, para não dizer de todo intoleráveis, chegando, até, os mais distintos desses a quem fazes tantos gabos, a primar pela sua inutilidade social.

Sócrates - Pensas que os que isso dizem mentem?

Adimanto - Não sei. Gostaria de ouvir teu parecer.

Sócrates - Pois meu parecer é que dizem a verdade.

(....)" (In: PLATÃO, A REPÚBLICA, trad. ALBERTINO PINHEIRO, EDIPRO - edipro@uol.com.br - 2000, p. 228)

Pergunta: O que ROBERTO MANGABEIRA UNGER tem em comum com o diálogo registrado por PLATÃO supra referido?

Resposta: Guardadas as diferenças de mais de duas mil voltas terrestres solares, a semelhança reside na medida da natural incompreensão que desperta no tecido social coletivo de Você Cidadania.

Pergunta: Por que ocorre essa natural incompreensão das razões, sejam elas constitutivas ou operativas(*)?

Resposta: A natural incompreensão é decorrente do processo de conhecimento, tanto em sua fase de criação pelo(a) Filósofo(a) - na qual ocorre um isolamento temático das formas lógicas - passando por sua comunicação - na qual ocorre uma tentativa de aproximação via linguagens, naturais e/ou artificiais - até sua recepção, por Você Cidadania individualmente considerada(o), na qual os pensamentos do(a) Filósofo(a) são por vezes considerados próprios de um(a) "Extra-Terrestre" e/ou "Múmia" e/ou "Lunático(a)".

Sinceramente,

Carlos Perin Filho

* Conferir NEWTON C. A. DA COSTA in ENSAIOS SOBRE OS FUNDAMENTOS DA LÓGICA, Editora Hucitec, São Paulo, 1994, Introdução.

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